ARQUITETANDO POR AÍ

ARQUITETANDO POR AÍ
O assunto aqui é transformar rotinas engessadas, visando a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos. Mas, como assim? Alinhando conhecimentos arquitetônicos a técnicas de organização, espaços residenciais ou comerciais são reestruturados com custo bem inferior ao imaginado. Independente do tamanho da sua necessidade, conheça um pouco dessa história e encontre respostas. Aguardo você...

09/03/2014

ORGANIZANDO PARCERIAS



"Parceiria é uma relação bilateral."
Martha Medeiros




Nunca foi segredo a minha admiração pela forma simples e direta com que a escritora Martha Medeiros trata assuntos do cotidiano. Também não foi à toa que deixei um pedacinho de papel marcando a crônica Sustento Feminino, após leitura recente do seu último livro - A GRAÇA DA COISA. Num momento oportuno, o plano era compartilhar com todos, aqui no ARQUITETANDO POR AÍ. E eis que chega o 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Desejo que, assim como ela, indignem-se com as informações e não passem omissos pela "situação". Parcerias organizadas são de fundamental importância para a existência e prosperidade de qualquer relação emocionalmente saudável. ABAIXO O RETROCESSO, garotas!!




SUSTENTO FEMININO


Participando de um seminário sobre comportamento, onde foi dito que as mulheres estão de tal forma cansadas de suas múltiplas tarefas e do esforço para manter a independência que começam a ratear: andam sonhando de novo com um provedor, um homem que as sustente financeiramente. Não acreditei. Outro dia discuti com uma amiga porque duvidei quando ela disse estar percebendo a mesma coisa, que as mulheres estão selecionando seus parceiros pelo poder aquisitivo - não só as maduras e pragmáticas, mas também as adolescentes, que ainda deveriam cultivar algum romantismo.
Então é verdade? Pois me parece um retrocesso. A independência nos torna disponíveis para viver a vida da forma que quisermos, sem ter que “negociar” nossa felicidade com ninguém. São poucos os casos em que se pode ser independente sem ter a própria fonte de renda (que não precisa obrigatoriamente ser igual ou superior a do marido). Não é nenhum pecado o homem pagar uma viagem, dar presentes, segurar as pontas em despesas maiores, caso ele ganhe mais – é distribuição de renda. Mas se é ela que ganha mais, a madame também pode assumir o posto de provedora sênior, até que as coisas se equalizem. Parceria é uma relação bilateral. É importante que ambos sejam autossuficientes para que não haja distorções sobre o que significa “amor” com aspas e amor sem aspas.
As mulheres precisam muito dos homens, mas por razões mais profundas. Estamos realmente com sobrecarga de funções – pressão auto-imposta, diga-se –, o que faz com que percamos nossa conexão com a feminilidade: para ser mulher não basta usar saia e pintar as unhas, essa é a parte fácil. A questão é ancestral: temos, sim, necessidade de um olhar protetor e amoroso, de um parceiro que nos deseje por nossa delicadeza, nossa sensualidade, nosso mistério. O homem nos confirma como mulher, e nós a eles. Essa é a verdadeira troca, que está difícil de acontecer porque viramos generais da banda sem direito a vacilações, e eles, assustados com essa senhora que fala grosso, acabam por se infantilizar ainda mais.
Podemos ser independentes e ternas, independentes e carinhosas, independentes e fêmeas – não há contradição. Estamos mais solitárias porque queremos ter a última palavra em tudo, ser nota 10 em tudo, a superpoderosa que não delega, não ouve ninguém e que está ficando biruta sem perceber.
Garotas, não desistam da sua independência. Façam o que estiver ao seu alcance, seja através do trabalho ou do estudo, em busca de realização e amor-próprio. Escolher parceiros pelo saldo bancário é triste e antigo, os tempos são outros. É plausível que se procure alguém com o mesmo nível intelectual e social, com um projeto de vida parecido e com potencial de crescimento – mas para crescerem juntos, não para garantir um tutor.
A solidão, como contingência da vida, não é trágica, podemos dar conta de nós mesmas. Mas, ainda que eu pareça obsoleta, ainda acredito que se sentir amada é que nos sustenta de fato.

 
Martha Medeiros - A Graça da Coisa - outubro/2011
 
 

 
 
Fonte imagem: INTERNET

2 comentários:

  1. É incrível como o retrocesso da procura de um provedor é cada vez mais comum, e acho isso muito triste. Concordo plenamente com : " Parceria é uma relação bilateral."

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    1. Nas minhas tarefas de mãe, estou cada vez mais atenta ao assunto levantado por Martha!! Estatísticas assustadoras... Bjsss

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