ARQUITETANDO POR AÍ

ARQUITETANDO POR AÍ
O assunto aqui é transformar rotinas engessadas, visando a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos. Mas, como assim? Alinhando conhecimentos arquitetônicos a técnicas de organização, espaços residenciais ou comerciais são reestruturados com custo bem inferior ao imaginado. Independente do tamanho da sua necessidade, conheça um pouco dessa história e encontre respostas. Aguardo você...

23/11/2014

A TURMA DA LEVEZA



Por uma rotina mais leve...





Odeio mentiras com todas as minhas forças. Por isso, na tentativa de explicar a origem do post de hoje, preciso confessar-lhes que cheguei a pensar em usar algumas delas por aqui. Envergonhada, assumo que teria sido uma falta pra lá de imperdoável. Porém, diante de uma semana de coincidências, reflexões e muitas revelações, no primeiro momento, pareceu-me que a "verdade verdadeira" confundia-se com ficção. E foi assim que, faltando apenas doze horas para essa publicação, sem tempo, nem cabeça para garimpar imagens interessantes na internet, lembrei que há muito não recorria à sensibilidade da escritora Martha Medeiros. Sedenta por qualquer tipo de inspiração, decidi abrir o livro A GRAÇA DA COISA ao acaso. Plano executado, acreditam que, para minha surpresa, lá na página 149, deparei-me com a crônica MINHA TURMA!? Diante de um texto simples, leve e objetivo, acabei vislumbrando respostas para alguns dos meus questionamentos recentes. Querem saber o mais importante disso tudo!? Desde o primeiro parágrafo, lembrei de Marília Adan: uma parceira, uma irmã de coração, um presente que a vida me devolveu em 2014. Com ela, pude constatar que coincidências, realmente, não existem. Uma honra tê-la na minha turma, Sis!! Precisa dizer mais!? Lov u...     





MINHA TURMA


Ela é uma amiga recente. Tem três filhos, sendo que um deles possui uma síndrome rara. É uma criança especial, como se diz. Acabei de ouvi-la palestrar a respeito de como é o envolvimento de uma mãe com um ser que necessita de tanta atenção. Eu estava preparada para ouvir um chororô, e não a acusaria, ela teria todo o direito se. Mas o “se” não veio. O que vi foi uma mulher comovente e leve ao mesmo tempo, recorrendo ao humor para segurar a onda e para não se desconectar de si mesma. Ela deu uma choradinha, sim, mas de pura emoção e gratidão por passar por essa experiência que dá a ela e a esse filho uma cumplicidade também fora do comum. Quando ela terminou de falar, pensei: “Essa é da minha turma”. E silenciosamente a inseri no rol dos meus afetos verdadeiros.
Estranhei ter sido essa a expressão que me ocorreu, “minha turma”, e só então percebi que, durante a vida, a gente conhece um mundaréu de pessoas, estabelece variadas trocas de impressões, passeia por outras tribos e tal. São homens e mulheres que chegam bem perto do nosso epicentro, nem sempre por escolha, mas porque são parentes de alguém, conhecidos de não sei quem, e que acabam sendo agregados à nossa agenda do celular. Até que o tempo vai mostrando uma dissimulação aqui, uma maldade ali, uma energia pesada, e você se dá conta de que alguns não são da sua turma.
Da série “Coisas que a gente aprende com o passar dos anos”: abra-se para o novo, mas na hora da intimidade, do papo reto, da confiança, procure sua turma. É fácil reconhecer os integrantes dessa comunidade: são aqueles que falam a sua língua, enxergam o que você vê, entendem o que você nem verbalizou. São aqueles que acham graça das mesmas coisas, que saltam juntos para a transcendência, que possuem o mesmo repertório. São aqueles que não necessitam de legendas, que estão na mesma sintonia, e cujo histórico bate com o seu. Sua turma é sua ressonância, sua clonagem, é você acrescida e valorizada. Sua turma não exige nota de rodapé nem resposta na última página. Sua turma equaliza, não é fator de desgaste. Com ela você dança no mesmo compasso, desliza, cresce, se expande. Sua turma é sua outra família, aquela, escolhida.
Não tenho mais paciência com o que me exige atuação, com quem me obriga a usar palavras em excesso para ser compreendida. Não tenho mais energia para o rapapé, para o rococó, para o servilismo cortês, para o mise-en-scène social. Não tenho motivo para ser quem não sou, para adaptações de última hora, para adequações tiradas da manga. Não quero mais frequentar roda de estranhos cujas piadas não vejo a mínima graça. Não quero mais ser apresentada, muito prazer, e daí por diante ter que dissecar minha árvore genealógica, me explicar em nome dos meus tataravôs, defender posições que me farão passar por boa moça. Não quero mais ser uma convidada surpresa.
Se você mandar eu procurar minha turma, acredite, tomarei como carinho.


Martha Medeiros - A Graça da Coisa - janeiro/2013





Acreditem ou não, foi assim que MINHA TURMA deu sentido à uma semana bastante esquisita. Querem um conselho!? Diante de "verdades verdadeiras", por uma vida mais leve, elejam suas prioridades e enfrentem o que for necessário com coragem. Em consequência da primeira, muitas e muitas ORGANIZAÇÕES ainda virão. Esperando o que!? Mãos à obra!!
 
 
 

 
Fonte imagens - INTERNET

2 comentários:

  1. Acho que já deixei registrado aqui antes, mas preciso repetir. Quanta sensibilidade! Obrigada por colocar os meus sentimentos em ordem. As visitas ao ARQUITETANDO POR AÍ sempre surpreendem. Saudades, amiga!

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    1. Agradecimento destinado à pessoa errada! Assim que possível, prometo enviá-los para Martha. Todos eles... Mil bjs, anônima!

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