ARQUITETANDO POR AÍ

ARQUITETANDO POR AÍ
O assunto aqui é transformar rotinas engessadas, visando a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos. Mas, como assim? Alinhando conhecimentos arquitetônicos a técnicas de organização, espaços residenciais ou comerciais são reestruturados com custo bem inferior ao imaginado. Independente do tamanho da sua necessidade, conheça um pouco dessa história e encontre respostas. Aguardo você...

02/08/2015

 OXIGÊNIO E AMOR



"O essencial é invisível aos olhos."
Antoine de Saint-Exupéry





Às vésperas do niver da leonina mais intensa que já conheci, sem ideia nenhuma, abro o notebook em busca de inspiração para o post de hoje. Lembrando, também, da cobrança recente de uma amiga assídua aqui no ARQUITETANDO POR AÍ, procurei pelas crônicas novas da escritora Martha Medeiros. E, para minha surpresa, a primeira da lista de sugestões do google trazia o curioso título: "Casa comigo". Romântica desde sempre, logo interessei-me. Mas, à medida que avançava no texto, só lembrava da leonina acima citada e seu coração TRANSBORDANTE de amor...           




Casa comigo

Os dois namorados estavam dentro do carro, à noite, estacionados em frente ao prédio da excelentíssima, discutindo a relação. Discutindo mesmo, aos berros, brigando. Em meio a algum pra mim chega!, surgiram dois meliantes armados e interromperam aquele bate-boca. Transferiram os namorados para o banco de trás e saíram em disparada com eles: sequestro relâmpago. Rodaram a cidade durante 50 minutos, fizeram saques em caixas eletrônicos, até que os levaram para um lugar ermo, no meio do mato.
Duas coronhadas, uma em cada um, rostos sangrando, mas era pouco: despiram os dois, deixando-os apenas com a roupa de baixo, e os amarraram em troncos de árvores. Não houve agressão sexual, mas não se pode dizer que foi um passeio no bosque. Em plena madrugada, abandonaram o casal imobilizado e seguiram com o carro do rapaz rumo à impunidade garantida.
Restou o silêncio. Assustados, os dois tentaram, tentaram de novo, e conseguiram, finalmente, se desamarrar. Livres, sozinhos, sem saber onde estavam, olharam um para o outro e tiveram um ataque de riso. Ele a abraçou fortemente e só conseguiu dizer duas palavras: "Casa comigo".
Aconteceu mesmo. Quem me contou, olho no olho, foi a protagonista feminina da história. Eu não conseguiria imaginar pedido de casamento mais romântico. Sem vinho, sem luz de velas e sem anel de brilhantes - um pedido movido simplesmente pela emergência da vida, pela busca de uma felicidade genuína, pela supressão da razão em detrimento da emoção verdadeira.
Estavam para morrer, os dois. Foram unidos pelo mesmo pensamento desde que foram surpreendidos por dois estranhos armados: acabou. Não tem mais por que discutir a relação. Não tem mais relação. Não tem mais manhã seguinte. Não tem mais futuro. Acabou. Que perda de tempo. Para que brigar? Para que se estressar com ciúmes, com queixas, com mágoas? Acabou.
E então descobrem que não acabou. Desamarram-se, estão nus por fora e por dentro, despidos de qualquer racionalidade, apenas aliviados com o desfecho da aventura e absolutamente tomados pela potência do que é essencial na vida. O amor.
Casa comigo.
Estão casados há 10 anos. Não sei se plenamente felizes. É provável que os motivos dos ciúmes e das queixas e de tudo aquilo que explodiu naquela discussão dentro do carro antes do sequestro tenha se repetido outras vezes. A realidade impõe os seus caprichos. Obriga a gente a pensar e manter a sanidade. Maldita sanidade.
Mas houve um momento em que eles não pensaram. Só sentiram. Sentiram tudo. Sentiram sem amarras. Sentiram soltos. Sentiram livres. Pura emoção. E a emoção se impôs: casa comigo. Tiveram os piores padrinhos do mundo: a violência e o medo. Mas que beijo deve ter sido dado ali no meio do nada.

Martha Medeiros - Zero Hora - abril/2014
O caso é tão verídico que já esteve em pautas de importantes programas de tv. E, para reforçar o pensamento de Martha, nada melhor que a famosa hashtag, #oamoréosentimentomaisnecessáriodomundo, muito usada pela aniversariante mencionada. Quantos de nós, "despidos de qualquer racionalidade", quando o destino bagunça as nossas organizações, ainda conseguem se lembrar do amor? Difícil saber. Então, fora o perigo, é, exatamente, isso que desejo à minha irmã de alma. Diante da sua outra metade, nada pode ser mais importante que oxigênio e amor, Sis! 



Fonte imegem: INTERNET  


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